“A Capes é o que há de mais próximo a um projeto de Estado”

“De modo raro no País, a Capes é uma instituição que não conhece grandes interrupções em seu planejamento e atuação. Em sua história de mais de seis décadas tem conseguido manter orçamentos estáveis e gestões longas. Acredito que a Capes é o que há de mais próximo a um projeto de Estado no Brasil”. Com essa afirmação, Abílio Baeta Neves, cientista político da UFRGS e ex-presidente da Capes, deu início às intervenções apresentadas em uma sessão especial denominada “A Capes como um projeto do estado brasileiro”, que aconteceu na 6ª. feira, (25/7), durante a 66ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Rio Branco, Acre.
Planejamento de longo prazo garante o sucesso da instituição
“De modo raro no País, a Capes é uma instituição que não conhece grandes interrupções em seu planejamento e atuação. Em sua história de mais de seis décadas tem conseguido manter orçamentos estáveis e gestões longas. Acredito que a Capes é o que há de mais próximo a um projeto de Estado no Brasil”. Com essa afirmação, Abílio Baeta Neves, cientista político da UFRGS e ex-presidente da Capes, deu início às intervenções apresentadas em uma sessão especial denominada “A Capes como um projeto do estado brasileiro”, que aconteceu na 6ª. feira, (25/7), durante a 66ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Rio Branco, Acre. 
Ainda em sua palestra, Baeta Neves alertou para o perigo de fazer “terra arrasada” com a Capes (referindo-se à tática de guerra que envolve destruir coisas que possam ser proveitosas ao inimigo enquanto este avança ou recua em uma determinada área). “Estamos em ano eleitoral e precisamos ficar atentos, pois há muita ‘gente criativa’ por aí, e a SBPC é sempre um bom local para fazermos esse tipo de alerta”, disse o cientista, cogitando sobre a possibilidade de ingerências políticas na Capes.
A sessão, que foi realizado em homenagem aos 10 anos de gestão de Jorge de Almeida Guimarães como presidente da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes-MEC), foi mediada pela presidente da SBPC, Helena B. Nader, e contou com a participação do ministro da Educação, Henrique Paim; Abílio Afonso Baeta Neves; Emídio Cantídio de Oliveira Filho, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Jorge Almeida Guimarães, presidente da Capes; e Tamara Naiz, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação (ANPG).
Amazônia: desafio para a Capes
Os sucessos obtidos pela Capes na implantação do sistema de pós-graduação no Brasil, e no excelente e estreito relacionamento que mantém com toda a malha de ensino superior e pesquisa no País, ainda tem alguns desafios pela frente. É o que sugere o engenheiro agrônomo, ex-reitor da UFRPE, e ex-diretor da Capes, Emídio Cantídio de Oliveira Filho. Para ele são três os grandes desafios: incentivar a qualidade dos programas de pós-graduação em todas as regiões, já que os cursos com melhores conceitos ainda concentram-se na região Sudeste; avaliação dos programas estratégicos em parceria com fundações de amparo à pesquisa, ministérios e demais agências, e, por último, um planejamento estratégico específico para a formação de docentes das instituições federais de ensino superior na Amazônia.
Homenagens da ANPG e SBPC
A recém eleita presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação (ANPG), Tamara Naiz, falou no evento que “a entidade que representa sempre esteve ao lado da Capes. Elogiou a instituição, o Portal de Periódicos, o banco de teses, e sobretudo o presidente da Capes, Jorge Guimarães, a quem entregou emocionada um bóton da ANPG e para quem recitou um poema de Brecht (aquele que finaliza com “há homens que lutam por toda uma vida, esses são os imprescindíveis”, referindo-se à trajetória de Guimarães). Mas também afirmou que a ANPG está sempre atenta e luta pela melhoria crescente do orçamento e dos programas de pós-graduação.
Helena B. Nader, presidente da SBPC, fez um relato da trajetória acadêmica, profissional e pessoal de Jorge A. Guimarães, desde a juventude como estudante na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, até chegar à presidência da Capes, em 2004. Em nome da SBPC, entregou a Guimarães uma placa comemorativa pelos 10 anos de gestão, feita em marchetaria pelo artista acreano Markson Pereira.
Já o ministro da Educação, Henrique Paim, relembrou também as realizações da Capes e o recente lançamento da Plataforma Sucupira, que reúne todas as informações sobre os programas de pós-graduação.
Tradição de planejar
O presidente da Capes, que desde 2009 recebeu a incumbência de induzir e fomentar a formação inicial e continuada de professores para a educação básica, disse em seu discurso de agradecimento à homenagem, que “a única coisa que realmente inclui é a educação básica”. 
Guimarães lembrou que o sucesso da Capes deve-se, em grande parte, ao fato de que a instituição sempre trabalhou com visão de médio e longo prazo, inspirada pela motivação inicial de seu fundador, o educador Anísio Teixeira. “O Brasil não gosta muito de planejamento de longo prazo”, disse, “mas a Capes tem a tradição de planejar, tanto que, em 63 anos de existência, já estamos em nosso 6º. plano de atuação”. 
Para o presidente da Capes, outros fatores que contribuem com o sucesso e a estabilidade da instituição são o rigoroso controle com gastos em salários (somente 1,4% do orçamento é dirigido ao pagamento de pessoal), e os longos mandatos de seus dirigentes. “Tivemos vários presidentes que permaneceram por mais de 4 anos na gestão, o que permite um tempo razoável para planejamento e realizações”, afirmou Guimarães.
Outro fato relevante lembrado por Guimarães é a lisura e transparência dos serviços e auxílios concedidos pela Capes a professores, pesquisadores e estudantes. “Nesse setor não há como fazer corrupção. Se alguém tenta dar uma bolsa para um apadrinhado, no dia seguinte já ficamos sabendo. O sistema é muito controlado e nossa parceria com a ANPG contribui com esse controle. Nosso cliente é o estudante, e por isto seus representantes tem assento permanente no conselho, e com direito a voto”, concluiu Guimarães.
(Fabíola de Oliveira/SBPC)