ADUFRJ vai instalar “Tesourômetro” na UFMG durante a 69ª Reunião Anual da SBPC

Contador denuncia perdas de R$ 500 mil por hora no orçamento da ciência. Campanha iniciada na UFRJ visa à mobilização social para reverter o sucateamento das universidades públicas e institutos de pesquisa brasileiros

 R$ 11,412 bilhões. O impressionante número representa o total de cortes feitos pelo Executivo no orçamento das universidades públicas e nos institutos de C&T do País a partir de 2015. E as perdas não param de subir. Este é o volume acumulado de cortes às 12h30 dessa quarta-feira, 12, quando a presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ADUFRJ), Tatiana Roque, subiu à tribuna da Câmara dos Deputados, durante a Comissão Geral da Marcha pela Ciência, para divulgar a campanha #ConhecimentoSemCortes. Ao final do dia, mais R$ 5,5 milhões terão se perdido pelas contas do “Tesourômetro”, como foi batizado o contador dos cortes que assolam a ciência brasileira.

Desde 2015, o orçamento destinado à CT&I tem sido reduzido pelo governo federal. Pelas contas da ADUFRJ, as universidades deixam de receber aproximadamente R$ 500 mil por hora por conta desse arrocho orçamentário. Dinheiro que faz falta para as pesquisas científicas brasileiras e coloca em risco a continuidade do ensino superior de qualidade na área de CT&I.

A companha #ConhecimentoSemCortes nasceu da necessidade de alertar a sociedade para os problemas financeiros pelos quais passam as instituições de ensino superior e pesquisa por conta da falta de recursos. “A gente queria pensar em uma frente de mobilização diferente para sensibilizar contra os cortes”, explicou a presidente da ADUFRJ. A exposição do problema em números começou no dia 22 de junho de 2017, quando foi lançado o “Tesourômetro” no campus da UFRJ da Praia Vermelha. Mas a campanha não para aí.

Além da denúncia visual e contínua das perdas orçamentárias, os docentes da UFRJ colocaram no ar um site com dados detalhados dos cortes – www.conhecimentosemcortes.com.br – e iniciaram uma petição online listando as demandas emergenciais da área de pesquisa e desenvolvimento das universidades. A proposta é reunir 20 mil assinaturas corroborando o apelo de retomada dos investimentos nas universidades no patamar registrado em 2014, assegurar a continuidade do pagamento das bolsas de estudo e permanência, além de exigir a retirada da Educação e da Saúde do teto de gastos fixado por meio da Emenda Constitucional 95. As assinaturas estão sendo colhidas no site da campanha.

Mais Tesourômetros

A SBPC tem apoiado a iniciativa e a presidente Helena Nader esteve presente no lançamento do “Tesourômetro” da UFRJ em junho. Selando essa parceria, a ADUFRJ irá inaugurar o segundo “Tesourômetro” no dia 18 de julho na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) durante a 69aReunião Anual da SBPC. O ato será uma oportunidade de unir a comunidade acadêmica nacional em torno da causa, já que a Reunião Anual é o maior evento científico da América Latina.

A associação também planeja instalar uma terceira unidade do “Tesourômetro” em Brasília, focando na conscientização dos parlamentares sobre a necessidade de preservar os recursos que alimentam a pesquisa e o desenvolvimento brasileiros. A exposição do tamanho do prejuízo sofrido pelas universidades com os sucessivos cortes orçamentários é muito importante neste momento em que o Congresso Nacional inicia o debate sobre a Lei Orçamentária para 2018. A intenção da campanha em múltiplas frentes é conseguir apoio suficiente à petição online para consolidar uma proposta da sociedade que proteja a academia dessa crescente retirada de recursos, que prejudica o futuro da pesquisa científica no Brasil.

Mariana Mazza – Jornal da Ciência