Cientistas protestam contra o fim de 200 mil bolsas de pesquisa da Capes

Universidades, sociedades de ciência e centros de pesquisa enviaram cartas à Presidência da República e ao Ministério da Educação; após pressão, ministro afirma que orçamento será mantido

Estudantes de pós-graduação, professores e cientistas estão reunidos desde as 17h na praça da Cinelândia, no Rio de Janeiro, em manifestação contra os cortes no orçamento. Ao longo desta sexta-feira (3), universidades, centros de excelência e sociedades de pesquisadores fizeram coro em apoio à carta aberta enviada pelo presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Abilio Baeta Neves, ao ministro da Educação, Rossieli Soares. Segundo o texto enviado ao ministro, cerca de 200 mil bolsas de estudo e pesquisa correm risco de suspensão no ano que vem. Após a pressão, o chefe da pasta afirmou, em nome do presidente Michel Temer, que não haverá redução no orçamento da Capes. De acordo com Soares, o governo está “procurando uma solução” para garantir o pagamento das bolsas oferecidas pela instituição.

Para o diretor de Tecnologia e Inovação da COPPE/UFRJ, Fernando Rochinha, o fim das bolsas comprometeria a próxima geração de cientistas e afeta a produção industrial do país.

— Sabíamos que, a partir da aprovação da PEC do Teto, o orçamento de pesquisa e inovação seria afetado, mas não tínhamos a dimensão exata. Caso isso se confirme, será um desastre com prejuizos imensuráveis. Os alunos brilhantes que temos hoje fugiriam para outros países. Além disso, com o clima de insegurança, os potenciais pesquisadores, que ainda estão na graduação, ficarão desmotivados para investir na pós. Corremos o risco de perder uma geração de cientistas.

O professor ressalta que cerca de 50% dos alunos de pós-graduação da COPPE/UFRJ dependem de bolsas da Capes e do CNPQ. Ele lembra que os alunos de pós-graduação são a “principal força motriz” do desenvolvimento de inovação e pesquisa do país. São os pós-graduandos que criam elos entre as universidades e a indústria, criando novas tecnologias e processos de produção.

Veja o texto na íntegra: O Globo