Congresso de Geologia debate queda de recursos para a ciência

No evento, o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, ressaltou que o orçamento para CT&I está em queda desde 2014 e que é preciso pressionar o governo para aumentar os números na proposta de lei orçamentária que será enviada ao Congresso até o dia 31 de agosto. “Estamos hoje com um terço do que tínhamos para investimentos nesse ministério há oito anos. Essa situação é catastrófica”, disse

A redução de recursos para a ciência no Brasil foi ontem (23) o centro das discussões no painel Defesa das Instituições Públicas de Geologia e da Ciência Brasileira, no 49º Congresso Brasileiro de Geologia, no Centro de Convenções SulAmerica.

No evento, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, ressaltou que o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações está em queda desde 2014. Moreira prevê que o montante para 2019 deve continuar na tendência de redução. “Estamos hoje com um terço do que tínhamos para investimentos nesse ministério há oito anos. Essa situação é catastrófica”, disse.

Sobre a questão, o físico destacou que, a queda de recursos, coloca em risco a concessão de bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo ele, se for mantida a quantidade de editais no nível basal, as bolsas do CNPq deverão ir até setembro ou outubro de 2019. “A nossa briga agora está no Congresso Nacional pela lei orçamentária anual, para onde até o dia 31 de agosto o governo tem que mandar a proposta. A gente precisa fazer uma pressão para que esses números aumentem”.

Recentemente, o presidente do Conselho Superior da Capes, Abílio Baeta Neves, disse, em carta ao Ministério da Educação, que se o texto fixado para o órgão no ano que vem for mantido, 93 mil bolsas seriam suspensas a partir de agosto de 2019. O ministro da Educação, Rossieli Soares, reafirmou que as bolsas de estudos de pós-graduação da Capes serão mantidas em 2019. No último dia 6, foram liberados R$ 296,61 milhões para Capes.

Pós-graduação

Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor nos últimos anos, o professor Ildeu Moreira apontou que a pós-graduação cresceu no País. “Há 20 anos, vários estados não tinham nenhum curso de pós-graduação. Hoje, todos os estados brasileiros têm, evidentemente, às vezes com qualidade diferenciada. A região amazônica deveria ter mais para aproveitar toda a biodiversidade que temos aqui”, disse.

No ano passado, conforme o físico, o Brasil formou 58 mil mestres e 20 mil doutores, número considerado significativo na América Latina. No entanto, quando a comparação é feita com o número de habitantes, é inferior ao de países avançados. “O número de cientistas brasileiros por um milhão de habitantes ainda é muito pequeno, muito menor, em uma ordem de grandeza de outros países, mas um desafio que temos agora é que estamos formando doutores que estão ficando desempregados. Esse é um desafio que o País tem que encarar. Não podemos parar de formar pessoal qualificado”, afirmou.

Para o presidente da SBPC, o desafio central é a qualidade das escolas do País. Na visão dele, é preciso aproximar crianças e jovens da ciência. “Melhorar a educação básica brasileira é um desafio fundamental e que a gente deixa a desejar”, observou.

Museu Nacional

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, lembrou que a instituição, que completa este ano o bicentenário, precisou recorrer a um sistema de financiamento coletivo para reabrir, em julho, a sala dos dinossauros, com a volta para o local do maior dinossauro já montado no Brasil, o Maxakalisaurus topai. Kellner destacou ainda o contrato assinado pela instituição com o BNDES que prevê investimento de R$ 21,7 milhões para o plano de revitalização do prédio histórico, acervo e espaços de exposição. “Ficar só chorando não adianta. A gente precisa pensar em ações”, disse. Ao falar sobre o assunto, apresentou uma reportagem da Agência Brasil no telão.

O diretor reafirmou que o museu busca a liberação de um terreno para construir novos espaços e expandir as áreas de exposições e de preservação do acervo. O assunto está em discussão na Secretaria de Patrimônio da União. O projeto prevê o envolvimento de moradores de São Cristóvão, bairro onde o Museu Nacional está instalado, que poderiam participar de atividades no local.

Agência Brasil