Dia da Família na Ciência, um espaço de interação com a comunidade

A 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) se encerrou sábado, 18, com o “Dia da Família na Ciência”. Com uma programação dirigida à interação com a comunidade, o campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ficou lotado de famílias são-carlenses e de cidades vizinhas.
Pais aprovam a iniciativa da SBPC e acreditam que é uma oportunidade para que as crianças aprendam brincando
A 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) se encerrou sábado, 18, com o “Dia da Família na Ciência”. Com uma programação dirigida à interação com a comunidade, o campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ficou lotado de famílias são-carlenses e de cidades vizinhas.
Elen Freitas, de Araraquara, que trouxe os filhos, um bebê, e a sobrinha, comenta que “a ideia é passar o dia todo dando a oportunidade deles interagirem com este ambiente de ciência e universidade. Eles estão amando. A feira está linda e estamos encantados”.  Segundo ela, cada uma das crianças gostou de uma área. “O Pedro gostou mais da área de robótica, já minha sobrinha Bianca da área biológica”. E completa, “esta interação é muito importante porque pode despertar o interesse para seguir uma área no futuro”.
Já a auxiliar de enfermagem, Ana Paula Voradine, de São Carlos, acredita que o contato com diversos experimentos pode aguçar a curiosidade das crianças, mas que só mantendo o contato com este universo pode ajudá-los a escolher a área a seguir. “Nestes tempos de tanta informação, qualidade nunca é demais. E aqui elas estão aprendendo brincando. Esta maneira lúdica não é cansativa e como criança é muito visual, eventos como este contribuem para a percepção delas”, finaliza.
O vigilante Pascoal Rodrigues, de São Carlos, aprovou que o evento seja aberto à comunidade no final de semana. “A gente que trabalha só consegue mesmo vir no final de semana”, disse ele que trouxe as duas filhas, de cinco e sete anos. Segundo Pascoal, uma das meninas ficou a semana toda falando do evento após receber um panfleto na escola. “Elas estão encantadas, inclusive com a área de Astronomia. Se estivessem em casa, estariam vendo televisão, o que muitas vezes não agrega”.
Já Maiara Nunes, de Américo Braziliense, aproveitou o dia para conhecer as mostras da 67ª RA. “Assisti várias palestras da SBPC Inovação no decorrer da semana, mas não pude aproveitar a SBPC Jovem nem a Expotec, por falta de tempo. Por isso, este dia livre foi uma grande oportunidade e estou encantada com as instalações. Não esperava que fosse uma estrutura tão grande e bacana”, afirma ela que se formou na UFSCar em Análise Ambiental. “A UFSCar sempre foi muito aberta, e um evento como este envolve não só os estudantes, mas a comunidade como um todo”, finaliza.
Nunca é tarde para aprender
O evento mostrou também para adultos que nunca é tarde para aprender. Essa foi a conclusão de Silvio Sgob, que foi a São Carlos visitar a filha e aproveitou para trazer o filho menor, de doze anos ao evento. “Na época em que eu frequentava a escola, não tínhamos todas estas informações.”  Ele ficou surpreso com a quantidade e qualidade de informações interessantes. “Não tem como não aprender”, disse.
Quem também acabou descobrindo coisas novas foi a senhora Célia Gláucia, que trouxe a neta de sete anos para aproveitar o sábado na UFSCar. Ela conta que a neta já tinha visitado a feira durante a semana, com a mãe que participa da organização do evento, mas insistiu para a avó trazê-la novamente. “É muito interessante divulgar a ciência para as crianças. Até mesmo para nós, que somos mais velhos. Não tivemos oportunidades de estudar todas essas coisas da ciência, luz, gravidade, na escola”, conta.
Dos laboratórios para o público
“É uma experiência muito boa para quem faz coisas no laboratório e chega aqui e vê o tanto que as pessoas se interessam”, comenta Sebastião Pratavieira, físico da USP São Carlos. Ele conta que é gratificante ver as pessoas aprendendo com os experimentos desenvolvidos na universidade.
O físico é parte do grupo que desenvolveu a exposição especial com todos os cientistas que contribuíram para os estudos sobre a luz, desde Ibn al-Haytham (também conhecido por Alhazen) – que estudou a ótica, como os raios se formavam na câmara escura -, depois Newton, Maxwell, Edson e, mais recentemente, os prêmios Nobel de 2014 os japoneses, Isamu Akasaki, Hiroshi Amano, Shuji Nakamura, que desenvolveram, em 1990,  o LED azul.
Outra exposição que foi organizada pelo grupo foi sobre como ensinar ótica a pessoas cegas. “Desenvolvemos painéis sensíveis para quem é deficiente visual poder compreender alguns conceitos, como o princípio da refração e reflexão, como é uma onda de luz, como funciona o telescópio.”
O grupo de Ótica do Instituto de Física de São Carlos realiza na cidade eventos de divulgação para o público geral todos os anos em São Carlos, mas nesse ano a exposição ficou bem maior para a reunião da SBPC. “E vemos um movimento surpreendente grande nessa reunião”. Segundo ele, a atividade de divulgação concretiza os três pilares da universidade – educação, pesquisa e extensão. “É uma forma de retribuir ao público, que é quem financia nossos estudos”.
(Daniela Klebis e Vivian Costa/Jornal da Ciência)