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Abertura do 5º Encontro Preparatório ao Fórum Mundial de Ciência 2013 destaca a importância da C,T&I para o desenvolvimento do Brasil


Com a presença do ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende e do representante do presidente da Academia Brasileira de Ciência, Jacob Palis, o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antônio Elias, abriu ontem, no Recife, o 5º Encontro Preparatório do Fórum Mundial de Ciência 2013, que será realizada em novembro no Rio de Janeiro.

Com a presença do ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende e do representante do presidente da Academia Brasileira de Ciência, Jacob Palis, o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Luiz Antônio Elias, abriu ontem, no Recife, o 5º Encontro Preparatório do Fórum Mundial de Ciência 2013, que será realizada em novembro no Rio de Janeiro. Por motivos de saúde, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, que integra o comitê organizador do evento do Rio, não pode comparecer à reunião de Pernambuco, que se encerra hoje.

Em sua saudação de abertura, Elias disse que o Brasil irá demonstrar ao mundo, durante o Fórum Mundial, que faz ciência de boa qualidade, além de ter uma enorme capacidade inovativa e muita gente preparada. Ele lembrou também que os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer país, o que inclui o Brasil. “Em se tratando dessas áreas, temos que avançar sempre mais uma etapa”, disse. “Por isso, devemos investir em ciência de qualidade e na expansão de nossa pós-graduação.”

Depois da cerimônia de abertura, Rezende proferiu a primeira conferência do evento sobre o tema “Ciência e Tecnologia precisam de política de Estado”. Ele fez um paralelo entre os países que mais investiram em ciência e tecnologia ao longo de sua história e o Brasil, destacando a importância dessa aplicação de recursos para o desenvolvimento econômico e social de cada um deles. O ex-ministro também fez um histórico da ciência e tecnologia brasileiras desde a década de 1950 até os dias de hoje, “Um grande progresso em C&T foi feito em tempos recentes”, disse. “Ainda há, no entanto, um longo caminho pela frente para tornar a C,T&I decisivos para o nosso progresso. É necessário termos uma política de Estado, com continuidade, aperfeiçoamento e expansão”

Ele citou dois países, Japão e Coreia do Sul, como exemplos de que os investimentos em ciência, tecnologia e inovação podem mudar o curso da história de uma nação. Ele lembrou que em 1949, depois da Segunda Guerra Mundial, o primeiro era um país destruído. Mas graças à formulação de políticas de Estado para áreas de C&T e a indústria, o Japão não só conseguiu recuperar sua economia como hoje é uma potência tecnológica, com várias marcas de produtos avançados no mercado. “Houve um forte investimento em C&T, reforma das instituições públicas e uma parceria com o setor empresarial”, explicou. “Hoje, o país tem o terceiro PIB mundial e a segunda renda per capita.”

Embora não se possa menosprezar o salto científico e tecnológico que o Japão deu depois da Segunda Guerra Mundial, Rezende lembrou que o país já tinha uma longa tradição na área de C&T. Prova disso é que já tinha Prêmio Nobel antes do grande conflito mundial. O mesmo não se pode dizer do outro país citado como exemplo pelo ex-ministro, a Coreia do Sul, que até a década de 1970 era um país inexpressivo em termos de ciência, tecnologia e inovação e hoje é uma potência nessas áreas, que fabrica desde computadores até navios e aviões. “É uma demonstração que mesmo um país sem tradição científica pode mudar seu padrão de desenvolvimento”, disse.

Em relação ao Brasil, Rezende lembrou que, em 1950, o país tinha pouquíssimos cientistas e pesquisadores (apenas cerca de 100 doutores) ; universidades sem ambiente de pesquisa, sem tempo integral para professores e sem pós-graduação; poucos engenheiros e especialistas em setores novos da indústria; e empresas voltadas para setores básicos (alimentos, têxtil, calçados) e sem cultura de inovação. Essa situação começou a mudar em 1951, com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que passou a conceder bolsas de estudo de apoio à pesquisa.

Embora o Brasil não tenha parado de avançar desde então nessa área, a C&T não tem sido fator decisivo no desenvolvimento do país. Rezende citou algumas razões para isso, como a existência de comunidade de C&T relativamente pequena e pouco experiente até a década de 1980. “Além disso, falta uma cultura de P&D e de inovação na indústria e uma política de Estado de C,T&I, o que gera descontinuidade de programas e irregularidade nos recursos financeiros”, afirmou o ex-ministro. “Apesar disto, o país tem exemplos importantes de resultados econômicos de C&T em áreas nas quais o governo federal manteve ações consistentes. É o caso da Petrobrás, da Embraer e da Embrapa.”

Rezende citou ainda outros avanços recente do Brasil em C&T, entre os quais o grande aumento nos recursos financeiros federais, possibilitando forte expansão do sistema de C&T, e a ampliação dos programas de bolsas e fomento à pesquisa com melhor distribuição geográfica. “Além disso, houve uma substancial melhoria na produção científica, medida por indicadores de quantidade e de citações”, acrescentou. “Também ocorreu um notável avanço no ambiente para inovação tecnológica nas empresas, estimulado pela Lei da Inovação e pela criação de programas para apoiar P&D&I nas empresas e para a criação de novas firmas de base tecnológica.”

Apesar de reconhecer os avanços, Rezende não se esqueceu de mencionar algumas das preocupações atuais da comunidade científica, como os cortes recentes dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Ele citou ainda outros problemas. “O CNPq lançou o Edital Universal 2013, mas ainda não fez desembolsos do de 2012”, disse. “Além disso, não está pagando sua parte do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX) às Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs). Também nos preocupa a nova legislação sobre a carreira de docente do ensino superior, que representa um retrocesso para as universidades.”

(Evanildo da Silveira, do Recife)