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Presidente da SBPC fala sobre o papel da CT&I para o desenvolvimento do País

A biomédica Helena Nader, presidente da SBPC, falou nesta quinta-feira, 14, sobre o papel da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento do País durante a atividade "Encontre a presidente da SBPC", do XVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular. O evento começou no dia 13 de julho e continua até sábado (16), no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.

A palestra fez parte das atividades do XVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, que acontece até sábado no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo

A biomédica Helena Nader, presidente da SBPC, falou nesta quinta-feira, 14, sobre o papel da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento do País durante a atividade “Encontre a presidente da SBPC”, do XVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular. O evento começou no dia 13 de julho e continua até sábado (16), no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo.

Logo na abertura, Nader ressaltou a luta da SBPC contra a fusão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação com o das Comunicações. “Estamos lutando pela volta do MCTI, separado do Ministério das Comunicações. E junto com essa demanda, também lutamos pela volta do orçamento, porque não adianta termos a separação do jeito que ele está hoje. Hoje o orçamento do Ministério é 50% menor que o de 2013”, afirma.

Nader salientou ainda a necessidade de manter o diálogo com o governo. “Precisamos reivindicar ao governo federal que ele destine às atividades de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) os mesmos valores empregados em 2013”, disse.

Segundo ela, a ciência brasileira é muito recente. As instituições mais antigas são da data de 1820 com a vinda da família real. “Temos instituições muitos jovens, como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), que fez 100 anos, a SBPC, que é de 1948. As Faps (Fundações de Apoio) foram distribuídas na década de 80 e o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), em 1996. Este último reúne cientistas, ministérios e representantes do setor industrial e foi criado para traçar diretrizes e fortalecer a política de ciência e tecnologia no País”, lembrando que o CCT no governo do presidente Luiz Lula da Silva se reunia frequentemente, pelo menos uma vez por ano, mas que nos últimos cinco anos só se reuniu uma vez e ainda para se apresentar à presidente Dilma Rousseff.

A presidente da SBPC ressaltou ainda que a ciência no Brasil funciona quando há um diálogo e isso tende a melhorar com o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo ela, o Marco permite uma série de ações importantes. Ela também comentou que o presidente interino Michel Temer deve enviar ao Congresso Nacional, nos próximos dias, uma Medida Provisória restabelecendo os pontos vetados no Marco Legal da CT&I, segundo informações do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que vem articulando a questão com a equipe do governo. (Ver: http://www.jornaldaciencia.org.br/palacio-do-planalto-deve-editar-mp-para-derrubar-vetos-ao-marco-legal-da-cti-diz-senador/ )

Nader fez questão de ressaltar que o Marco Legal da CT&I veio para reforçar o diálogo e unir a academia, a tecnologia e a classe empresarial, que são justamente os atores que fazem a inovação acontecer.

Ela também falou sobre os imbróglios com a regulamentação da Lei de Biodiversidade, que comprometeram os objetivos da proposta que levou à sua criação. “Do jeito que ela foi regulamentada ela inviabiliza a ciência. Esta é outra batalha que eu e a SBPC entramos. É preciso reverter isso”, diz.

Números

Na palestra, Nader ressaltou ainda que para pensar em novas agendas de pesquisa, é preciso, antes, situar a ciência feita no Brasil. “O Brasil é responsável por 2,7% da produção científica mundial. Desde 2014, o País ocupa o 13º lugar, tanto em produção quanto em citação. Em algumas áreas do conhecimento, a ciência brasileira está acima desta média. O Brasil aumentou não só o número, mas também a qualidade de nossas publicações, e isso pode ser observado em todas as áreas do conhecimento”, disse, afirmando que é uma boa colocação, mas que um dos desafios atuais é elevar o nível das colaborações internacionais.  “Precisamos internacionalizar mais”, disse.

Quanto à interdisciplinaridade, a presidente da SBPC ressaltou sua importância e disse que a ciência brasileira está caminhando neste sentido. “Embora a interdisciplinaridade no Brasil seja recente, houve um crescimento ao longo dos anos. Uma das áreas mais interdisciplinares no País é a de saúde”, comenta.

Mas, quando o assunto é inovação, Nader afirma que o País não está em situação confortável. Se comparado a 2013, o Brasil caiu seis posições no ranking Global Innovation Index 2015, amargando o 70º lugar, entre 140 países. Em primeiro e segundo lugar, encontram-se, respectivamente, Suíça e Reino Unido. “Estamos fazendo ciência e não estamos conseguindo reverter para a sociedade”, afirma.

Financiamento em CT&I

Segundo a presidente da SBPC, que é também professora e pesquisadora na Unifesp, o financiamento do País é trágico. “O grosso do investimento é do governo. E quando se trata de empresa, os recursos são da Petrobras. Por isso, ele só vem caindo”, disse.

Ela ressaltou que o Brasil tem ficado para trás em relação a outros países em desenvolvimento, como a China, a Índia, a África do Sul e a Rússia, que estão apostando em pesquisa em plena crise, porque acreditam que o desenvolvimento científico e tecnológico é fundamental para sair dela. “Os Estados Unidos investem 2,8% do PIB em P&D. A União Europeia tem um acordo para chegar em 2020 com 3% do PIB em P&D. Coreia e Israel investem mais de 4%. Suécia, em 2015, investiu 3%. Aqui quando precisam cortar recursos, cortam da educação e ciência. Parece um mantra”, lamenta.

Vivian Costa – Jornal da Ciência