Governo Federal precisa dar detalhes sobre como será o programa de repatriação de cientistas, afirma vice-presidente da SBPC

Em entrevista ao "Jornal Brasil Hoje", Francilene Garcia defendeu a importância da iniciativa, mas ressaltou que País deve olhar para as condições atuais das universidades públicas

francilene2Na última semana, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) anunciou o Programa de Repatriação de Talentos – Conhecimento Brasil, que busca trazer de volta ao País pesquisadores que estão no mercado internacional. Para a vice-presidente da SBPC, Francilene Garcia, a iniciativa é importante, mas o Governo Federal precisa dar mais detalhes sobre o seu funcionamento.

Em entrevista ao “Jornal Brasil Hoje”, da TV Pai Eterno, Garcia destacou que a preocupação da comunidade científica está na ausência de informações. “É preciso que haja uma discussão mais clara sobre essa estratégia de retenção. Necessitamos também de um diagnóstico mais claro desses brasileiros que estão fora e quais as condições oferecidas para eles retornarem ao País”.

A vice-presidente da SBPC elogiou os recursos disponibilizados para o programa – R$ 1 bilhão em 5 anos, o que dá, em média, R$ 200 milhões por ano. “É elogiável esse pacote de recursos, que garante subsídios aos pesquisadores e suas famílias por quatro anos. Mas, após quatro anos, o que acontecerá com esses repatriados?”, questionou.

Para Garcia, é essencial que a política científica brasileira olhe as realidades das universidades hoje, onde muitas não possuem recursos necessários para garantir o pleno funcionamento de suas atividades – o que vem gerando cenários de greve. Também há a preocupação com os 22 mil pesquisadores de pós-graduação que são formados ano a ano e que precisam ter espaços para continuar suas carreiras.

“O nosso sistema de pós-graduação é um forte parceiro do desenvolvimento do País, e por conta de seu sucesso, é natural que parte dos pesquisadores busquem experiências internacionais. Mas é importante olhar para as instalações e para os pesquisadores que permanecem no País. É preciso que a gente diversifique as condições de inclusão e permanência de pessoas na Ciência, e que também ajude na fixação de parte dos doutores nas empresas, como parte da nova política industrial”, concluiu.

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Rafael Revadam – Jornal da Ciência