Maniqueísmo ideológico no ambiente acadêmico

A intolerância existente hoje na universidade brasileira não tem precedente na História

O tema ideologia e intolerância no ambiente universitário tem merecido atenção da imprensa brasileira. Em menos de um ano foi foco em cinco edições do jornal O Estado de S. Paulo. Na página A2, por educadores com visões divergentes: em 22/4/2018 e 3/5/2018, pelos professores Carlos Maurício Ardissone e Roberto Macedo, respectivamente, e em 31/10/2018 pela professora Maria Paula Dallari Bucci. E em mais duas ocasiões na página A3, a de Notas & Informações: em 29/4/2018, no editorial A academia dominada e em 4/10/218, sob o título O papel da universidade. O argumento central de todos esses textos opinativos era a defesa da liberdade e da autonomia da universidade de promover debates e cursos, mas que estes contemplassem visões divergentes.

Pode-se supor que professores com concepções diferentes não tenham tido coragem de propor disciplinas alternativas. Mas parece mais plausível que, receando as reações das corporações e a ruptura de um pacto político que os levou à condição de dirigentes, reitores, pró-reitores e diretores não tenham estimulado a oferta de cursos que mostrassem a legalidade do impeachment.

Essa conduta se alinhava com anteriores que fizeram “vista grossa” a manifestações de intolerância nos câmpus universitários. As hostilidades contra o senador Cristovam Buarque, impedido de lançar seu livro Mediterrâneos Invisíveis no câmpus da UFMG durante a reunião da SBPC de 2017, e a não permissão para a exibição de filme baseado na obra de Olavo de Carvalho pela administração universitária da UFBA, em novembro do mesmo ano, repetindo o que ocorrera um mês antes na UFPE, são exemplos de como nas universidades se dá a cumplicidade entre dirigentes das instituições e lideranças corporativas visando a bloquear a difusão de ideias discordantes de suas visões.

Anteriormente, em outra universidade federal localizada na Bahia, a UFRB, houve impedimento físico de palestras do geógrafo e sociólogo Demétrio Magnoli e do filósofo Luiz Felipe Pondé, por serem contrários às cotas raciais. Em todos esses casos não houve diálogo nem possibilidade de negociação.

Veja o texto na íntegra: O Estado de S. Paulo