Marcha pela Ciência denuncia cortes do setor: “Estamos vivendo um desmonte”

O objetivo da manifestação foi chamar atenção da sociedade para os problemas que a área de Ciência e Tecnologia vem enfrentando no Brasil. Apesar de ser central para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, vem sendo sucateada desde o governo Dilma, quando do orçamento previsto para as Universidades Federais foi contingenciado 47%. Temer, por sua vez, diminuiu em 12% o orçamento do MCTIC de 2018 em relação ao ano anterior

Neste domingo (8), cerca de mil cientistas, pesquisadores, professores e estudantes participaram da 3ª Marcha pela Ciência, na Avenida Paulista, em São Paulo, organizada pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC). O dia 8 de julho é Dia Nacional da Ciência e Dia Nacional do Pesquisador, além de ser o 70º aniversário da entidade.

O objetivo da manifestação foi chamar atenção da sociedade para os problemas que a área de Ciência e Tecnologia vem enfrentando no Brasil. Apesar de ser central para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, vem sendo sucateada desde o governo Dilma, quando do orçamento previsto para as Universidades Federais foi contingenciado 47%. Temer, por sua vez, diminuiu em 12% o orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC) de 2018 em relação ao ano anterior.

Segundo Helena Nader, ex-presidente e considerada presidente de honra da SBPC, professora titular da Escola Paulista de Medicina, da UNIFESP, “educação e Ciência são prioridade para sair da crise”. “Ou o Brasil muda isso [a realidade de cortes] e põe como política de Estado educação e Ciência, ou nem para exportar commodities vai dar, porque commodity também envolve Ciência”, explicou a pesquisadora em entrevista ao Brasil de Fato. Helena também criticou a Emenda Constitucional 95, que instituiu um teto de gastos para o governo federal com saúde e educação, por exemplo: “Ela tira o sonho, ela tira o futuro. E ninguém que aprovou essa emenda foi eleito para fazer isso”.

O grupo Cientistas Engajados, que reúne pesquisadores em torno de um projeto de incentivo à Ciência e Tecnologia nacionais, também esteve presente com dezenas de integrantes, panfletos informativos e cartazes com os dizeres: “Ciência não é gasto, é investimento”. O grupo indicou Walter Neves, professor titular do Instituto de Biologia (IB) da USP, e Mariana Moura, doutoranda em Energia pelo Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, para serem, respectivamente, pré-candidatos a Deputado Federal e Estadual pelo Partido Pátria Livre (PPL). Para Mariana, “exemplos de outros países nos mostram que o investimento em Ciência e Tecnologia é primordial, pois estas devem, juntas, ser o motor do desenvolvimento econômico”.

De acordo com o atual presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, o evento é importante por “registrar o nosso protesto e insatisfação com o quadro da ciência e da educação no País neste momento”. “Nosso protesto é contra o quadro de desmonte que estamos vivendo na ciência, na tecnologia e na educação pública no Brasil”, afirmou o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IF/UFRJ).

A SBPC também organizou atividades neste domingo no Rio de Janeiro, com o evento realizado na Quinta da Boa Vista e denominado “Domingo com Ciência na Quinta”, em Fortaleza, com o evento “Ciência no Parque” e em Belo Horizonte. Em Salvador, um evento foi realizado no dia 2 de julho, data em que se comemora a Independência da Bahia. Em Belém, as atividades ocorreram na última terça-feira (9), enquanto que em Brasília, ocorrerão no dia 12 de julho, no Plenário da Câmara.

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