Mesa-redonda debate desafios e conflitos das energias renováveis no NE

Com um consumo global de apenas 18% de energia limpa, o Brasil segue na ponta como referência com mais 80% de sua energia sendo gerada por fontes renováveis, com destaque para o avanço dos parques eólicos. No Nordeste, as eólicas representam 38% do crescimento do setor energético, seguidas da energia fotovoltaica que cresceu 5%. Debate foi realizado nessa quarta-feira, durante a 72ª Reunião Anual da SBPC

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Apesar de representar mais de 80% da energia produzida e consumida no Brasil, as fontes de energias renováveis não estão isentas de outros problemas que envolvem desde a degradação ambiental, até a ocupação de terras e interferências ecológicas. Esses foram alguns dos pontos discutidos na mesa-redonda “Energias renováveis no Nordeste: desafios e conflitos”realizada nesta quarta-feira, 7, durante programação científica da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A atividade, que acontece online, é realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A mediadora, Luziene Dantas de Macedo, professora do Departamento de Economia da UFRN, abriu a discussão destacando que, com um consumo global de apenas 18% de energia limpa, o Brasil segue na ponta como referência com mais 80% de sua energia sendo gerada por fontes renováveis, com destaque para o avanço dos parques eólicos. No Nordeste, as eólicas representam 38% do crescimento do setor energético, seguidas da energia fotovoltaica que cresceu 5%.

Zoraide Souza Pessoa, do Departamento de Políticas Públicas da UFRN, primeira palestrante da tarde, reforçou que no Brasil as energias renováveis aparecem como base privilegiada devido à sua diversificada matriz energética e elétrica, tradição no ramo, ampla riqueza natural e aos incentivos para a produção eólica a partir dos anos 2000. Por suas potencialidades, seja pela qualidade dos ventos ou pelo sol que brilha o ano todo, o Nordeste brasileiro se tornou uma janela importante de oportunidades. Porém, isso gera desafios, como tornar a produção de fato sustentável e renovável, não repetir os erros dos empreendimentos on e offshore e tornar essa energia acessível.

A discussão foi seguida por Ricélia Maria Marinho Sales, professora do Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar, na área de Ciências do Ambiente, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Ela destacou o compromisso que este setor tem com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7, que prevê a garantia do acesso universal à eletricidade por custo razoável até 2030. Acontece, segundo ela, que desde 2015, o Brasil vem apresentando políticas contrárias a essa agenda. Ela reclama ainda que a lógica econômica continua suplantando outras preocupações como a igualdade social e o desenvolvimento sustentável.

As apresentações se encerraram com palestra da professora Adryane Gorayeb Nogueira Caetano, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), que falou sobre a necessidade de conciliar a energia eólica offshore com o uso tradicional dos territórios no Sul Global. Ela voltou a abordar pontos significativos, ancorada na proposta de descarbonização com justiça social, o que coloca em evidência a necessidade de políticas que inclua as comunidades e os setores sociais no processo de mudança das matrizes energéticas. A palestra pode ser vista neste link: https://www.youtube.com/watch?v=Jj5jRG3rUxs&ab_channel=SBPCnet.

Ascom – UFRN