Microbiomas de formigas fungicultoras em diferentes biomas brasileiros

Estudos sobre esses insetos podem levar à compreensão da ecologia química e possíveis aplicações terapêuticas na saúde humana. Leia em artigo da nova edição da Ciência & Cultura

whatsapp-image-2023-11-28-at-13-08-38A classe dos insetos, uma das mais vastas e diversificadas da Terra, desempenha um papel crucial nos ecossistemas, representando mais de 70% de todas as espécies já descritas. Entre esses, formigas, abelhas, cupins e besouros mantêm simbioses complexas com microrganismos para garantir alimento e proteção. Um exemplo notável é a fungicultura, onde insetos cultivam fungos em suas colônias, estabelecendo uma relação mutualística. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Biomas do Brasil”.

As formigas da tribo Attini, originárias da Amazônia há mais de 60 milhões de anos, se destacam como agricultoras, cultivando fungos para alimentação. Esses fungos, conhecidos como cultivares, coevoluíram em uma relação mutualística obrigatória. Contudo, essas colônias enfrentam ameaças de patógenos como o fungo Escovopsis, que parasita os jardins fúngicos, podendo destruir colônias inteiras.

Diante dessa ameaça, as formigas desenvolveram mecanismos comportamentais e químicos para proteger seus ninhos. A constante higienização do jardim fúngico e a produção de compostos antimicrobianos são estratégias adotadas. As actinobactérias, em particular do gênero Pseudonocardia, hospedadas nas formigas, desempenham um papel crucial, produzindo compostos bioativos que defendem a colônia seletivamente contra patógenos.

Estudos recentes sobre microbiomas de formigas Attini no Brasil revelaram uma diversidade única de compostos químicos. A attinimicina, um sideróforo produzido por Pseudonocardia brasileira, destacou-se. Além de sua função ecológica na proteção contra patógenos, a attinimicina apresentou atividade antifúngica seletiva em modelos animais, sugerindo potenciais aplicações terapêuticas. A descoberta enfatiza a importância da pesquisa multidisciplinar e da biodiversidade brasileira na busca por novos compostos bioativos. “A descoberta da simbiose entre actinobactérias e formigas attina levou à identificação de compostos biologicamente ativos e estruturalmente diversos”, afirmam os autores do artigo.

Essa investigação não apenas aprofunda nossa compreensão da ecologia química envolvida na simbiose entre formigas e microrganismos, mas também destaca o potencial terapêutico desses compostos na saúde humana, resultando de uma colaboração entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos financiada pela Fapesp e Fogarty International Center. Para os autores, “o estudo dos microbiomas das formigas fungicultoras pode levar à melhor compreensão da ecologia química envolvida no sistema, ou seja, como os compostos químicos produzidos por microrganismos simbiontes participam da intermediação das interações entre as diferentes espécies envolvidas”.

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