Novo volume da Coleção “Povos Tradicionais e Biodiversidade” está disponível no portal da SBPC

Seção 15 (Parte VI) é dedicada às pesquisas interculturais com povos indígenas

15seçãoJá está disponível no portal da SBPC a Seção 15 (Parte VI) da coleção Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil, dedicada às pesquisas interculturais com povos indígenas. A coleção completa reúne 17 seções, organizadas em seis partes, sob coordenação de Manuela Carneiro da Cunha (USP e Universidade de Chicago)Sônia Barbosa Magalhães (UFPA) e Cristina Adams (USP). Publicada ao longo dos últimos anos em volumes avulsos no portal da SBPC, a obra está acessível de forma gratuita a todos neste link:  https://portal.sbpcnet.org.br/publicacoes/povos-tradicionais-e-biodiversidade-no-brasil/

Segundo as coordenadoras, a obra é um acervo fundamental não apenas para tomadores de decisão, mas também para povos tradicionais e cientistas de diversas áreas. O estudo apresenta uma síntese das contribuições de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais à biodiversidade, incluindo serviços ecossistêmicos, além de analisar políticas públicas que os afetam positiva ou negativamente, os conflitos e as ameaças. A publicação também compila avaliações e recomendações de organismos internacionais relacionadas aos compromissos assumidos pelo Brasil.

Manuela Carneiro da Cunha ressalta a colaboração efetiva entre cientistas indígenas e não indígenas na pesquisa. O volume lançado nessa quarta-feira, 20 de agosto. reúne exemplos dessa prática, como o sistema agrícola Kuikuro no Território Indígena do Xingu; estudos sobre os Guarani Kaiowá, que destacam a atuação conjunta de acadêmicos indígenas e não indígenas em disputas territoriais; e projetos de longo prazo conduzidos com os Wajãpi, Yanomami e povos do Alto Rio Negro, apoiados por organizações como o Iepé e o Instituto Socioambiental (ISA).

“Essas pesquisas são justificadamente percebidas como um modo de valorizar para a opinião pública a importância do conhecimento e do modo de vida local para a conservação das florestas e da biodiversidade”, escreve na introdução da seção 15.

Tais casos ilustram como as pesquisas colaborativas valorizam conhecimentos locais para a conservação ambiental, fortalecem associações indígenas na gestão territorial e promovem a produção de materiais em línguas nativas para uso nas escolas. Também revelam as diferenças de contexto e risco: enquanto os Kuikuro desfrutam da paz no Xingu, os Yanomami enfrentam há décadas invasões de garimpeiros ilegais e os Guarani Kaiowá seguem em luta pela retomada de seus territórios.

A obra completa, com 17 seções, tem coordenação de Manuela Carneiro da Cunha (USP e Univ. de Chicago), Sônia Barbosa Magalhães (UFPA) e Cristina Adams (USP).  Oo estudo compõe um acervo importantíssimo, não só para os tomadores de decisão, mas também para os povos tradicionais e cientistas de muitas áreas.

O trabalho é resultado de uma encomenda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), viabilizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), complementado pelo apoio de um doador que quis ficar anônimo e, ainda, com contribuição da Plataforma Brasileira de Serviços Ecossistêmicos (BPBES).

Dirigida a tomadores de decisão de todos os níveis, a obra segue as orientações da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). “O objetivo é reunir e resumir o conhecimento atual referenciado por fontes acessíveis ao público”, enfatizam as coordenadoras do projeto.

Confira abaixo a estrutura básica da obra, dividida em 6 partes e 17 seções, cada uma com um número variável de capítulos:

Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil. Contribuições dos Povos Indígenas, quilombolas e Comunidades Tradicionais, para a biodiversidade, Políticas e Ameaças.

PARTE I. TERRITÓRIOS E DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

PARTE II. CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS À BIODIVERSIDADE

PARTE III. POLÍTICAS PÚBLICAS DIRECIONADAS AOS POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

PARTE IV. POLÍTICAS PÚBLICAS QUE AMEAÇAM OS POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

PARTE V. AVALIAÇÕES INTERNACIONAIS

PARTE VI. PESQUISAS INTERCULTURAIS

Jornal da Ciência