O mundo é moderno

Experiências internacionais e busca pelo nacional construíram o modernismo brasileiro. Leia na reportagem especial da nova edição da revista Ciência & Cultura

WhatsApp Image 2022-06-28 at 10.26.13O anseio pelo moderno — ou pela ruptura com o passado — tão aclamado durante a Semana de Arte Moderna de 1922 não é algo exclusivamente nacional, nem originalmente brasileiro. O modernismo é um movimento internacional que desde as primeiras décadas do século 20 buscou um novo alinhamento com a experiência e os valores da vida industrial moderna. Esse é o tema da reportagem especial da nova edição da revista Ciência & Cultura: A semana de Arte Moderna e o Século Modernista — Extensões.

Do mesmo modo, o modernismo brasileiro é um amplo e complexo movimento, muito além da Semana de Arte Moderna. Ele começa a dar seus primeiros sinais nos anos de 1912 e 1917, fruto do intercâmbio de artistas brasileiros que trazem para o país suas experiências vividas na Europa — especialmente na França. A “I Exposição de Arte Moderna” de Anita Malfatti, realizada em São Paulo entre 12 de dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918, é considerada um marco na história da arte moderna no Brasil e o “estopim” da Semana 22. Contudo, Anita não foi a primeira a realizar uma mostra modernista no país: em 1913, Lasar Segall (pintor lituano radicado no Brasil) realizou duas exposições, uma em São Paulo e outra em Campinas (SP). Esses primeiros movimentos não apenas traziam o modernismo para o país, como também colocava o Brasil no mapa da modernidade.

Anita Malfatti trouxe para o Brasil o resultado de suas experiências na Europa, após ter estudado no Museu Real de Artes e Ofícios da Alemanha e ter contato com o expressionismo alemão. Mas outros artistas brasileiros também buscaram especialização na Europa. Victor Brecheret, considerado o introdutor da arte moderna na escultura brasileira, viveu de 1912 a 1919 na Itália, incorporando elementos de expressividade não acadêmicos em suas obras. Oswald de Andrade faz sua primeira viagem a Europa em 1912, onde teve contato com a boemia estudantil parisiense e com o futurismo ítalo-francês. Tarsila do Amaral foi para França em 1920, onde estudou na Academia Julian, escola de pintura e escultura, retornando para lá em 1923, quando se relacionou com os modernistas de Paris. Villa-Lobos viajou para França em 1923, retornando em 1924. As duas grandes pianistas brasileiras Magda Tagliaferro e Guiomar Novaes também foram estudar em Paris nos primeiros anos de 1900, e podem ser consideradas as primeiras modernistas brasileiras.

Mas o caminho inverso também foi feito, com vários artistas internacionais vindo descobrir o Brasil. Além da exposição de Lasar Segall, a coreógrafa e bailarina norte-americana Isadora Duncan fez uma excursão pela América do Sul em 1916, passando por Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. O compositor francês Darius Milhaud passou dois anos no Rio de Janeiro (de 1917 até 1919). O pianista polonês naturalizado estadunidense Arthur Rubinstein fez sua estreia nos palcos cariocas em 1918 e seu sucesso foi tão grande que acabou tocando 12 recitais no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E o escritor suíço Blaise Cendrars, amigo de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, veio ao Brasil pela primeira vez em 1924 e teve sua obra intensamente influenciada pelos aspectos brasileiros.

“Hoje temos uma presença mundial de artistas brasileiros que não existia antes e acredito que isso é devido à existência da Semana de 22, aos esforços ligados a esses artistas para quem a Semana era o momento simbólico de modernização”, aponta Kenneth David Jackson, diretor de Estudos de Português na Yale University.

Leia a reportagem completa em:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=2348