Pesquisadores brasileiros deixam de assinar estudos científicos por medo de ataques

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência prepara um dossiê para denunciar os ataques e ameaças sofridos por cientistas brasileiros, mostra reportagem do Jornal Nacional

jnA comunidade científica internacional recebeu um alerta sobre o momento especialmente difícil que os pesquisadores brasileiros estão enfrentando. Eles estão com medo de publicar estudos.

O título da reportagem publicada nesta quarta-feira (7) pela Science, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, retrata o clima em que trabalham atualmente os cientistas brasileiros: é um ambiente hostil.

O artigo lembra que, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro demitiu o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Ricardo Galvão foi acusado de mentir sobre os dados do desmatamento da Amazônia que o Inpe obtém por meio de imagens de satélite.

“Todo o protagonismo que o Brasil tinha no mundo todo, uma ação bastante forte contra o desmatamento, preocupado com a mudança climática, global, o aquecimento global, tudo isso nós perdemos”, declarou o ex-presidente do Inpe Ricardo Galvão no dia 14 de janeiro de 2020.

No começo de 2021, o epidemiologista Pedro Hallal, que coordena uma pesquisa da Covid na Universidade Federal de Pelotas, foi ameaçado de demissão por ter criticado o presidente Bolsonaro. Ele assinou um termo de ajustamento de conduta, se comprometendo a não fazer críticas no ambiente de trabalho.

“Eu e vários outros pesquisadores, que temos nos colocado em posições divergentes do governo, ao invés de sermos tratados, como a boa democracia manda, com diálogo, temos sido tratados com tentativa de censura. A minha função como pesquisador é importante, eu jamais cederei a esse tipo de pressão. Seguirei emitindo as minhas opiniões científicas sobre a pandemia e qualquer outro assunto que eu julgue relevante que a minha opinião seja ouvida”, afirmou Pedro Hallal.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência prepara um dossiê para denunciar os ataques e ameaças sofridos por cientistas brasileiros.

“Então nós vamos encaminhá-los ao STF, vamos encaminhá-los ao Congresso Nacional e a outras autoridades e certamente divulgar, junto à sociedade brasileira, a importância da preservação da liberdade de pesquisa para que as autoridades tomem conhecimento e para um eventual atuação em defesa desses princípios”, disse Ildeu de Castro Moreira, presidente da SBPC.

Veja na íntegra: Jornal Nacional