Programação preparatória para a 5ª Conferência Nacional de CT&I chega a mais de 180 eventos

Em entrevista ao Jornal da Ciência, o coordenador da 5ª CNCTI, Sérgio Rezende, detalha o crescimento da participação popular na construção das políticas científicas

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A programação preparatória para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI) chega em sua etapa final. Com os últimos eventos programados até o começo de maio e o prazo de envio de propostas para conferências livres acabando nesta quarta-feira (17/04), a organização caminha para compilar as ideias debatidas por todo o País e, assim, organizar as prioridades para a política científica nacional.

Para o coordenador da 5ª CNCTI, Sérgio Rezende, o balanço da programação preparatória é positivo. Rezende foi Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação entre 2005 e 2010 e vê um crescimento da articulação da sociedade em participar dos debates políticos.

“Na 4ª Conferência Nacional, realizada em 2010, nós tivemos mais ou menos os mesmos números de conferências estaduais, conferências regionais e conferências temáticas deste ano, mas cerca de 10 a 20 conferências livres. No último balanço que fizemos da programação desta 5ª Conferência Nacional, já chegamos a 128 conferências livres que foram e serão realizadas, e mais propostas foram submetidas”, destaca.

As conferências livres foram criadas para expandir os debates sobre CT&I na sociedade. Como seu nome sugere, são atividades que podem explorar temas e, também, uma diversidade de atores para além dos envolvidos na estrutura científica, como comunidades tradicionais, empresários, parlamentares, representantes de coletivos sociais, entre outros. O importante é que essas conferências respeitem o objetivo do evento, que é olhar para diferentes cenários pensando no papel do Governo Federal e na construção de políticas públicas.

Para organizar uma conferência livre, os interessados devem encaminhar uma proposta ao Grupo Executivo da 5ª CNCTI. Basta enviar um e-mail para vcncti@cgee.org.br com a temática que desejam abordar, o local sugerido para realização da conferência, a sua data e a duração do evento – cada conferência deve ter uma programação de seis a oito horas de duração. O e-mail também deve conter o nome do coordenador responsável e da comissão organizadora.

“O prazo para envio de propostas é até esta quarta-feira, dia 17. Lembrando que as conferências livres devem atender a um certo padrão. No site da Conferência Nacional há um documento de orientação, que deve ser seguido por quem deseja sugerir debates”, reforça o coordenador da 5ª CNCTI.

Após a realização de cada conferência, o seu responsável deve estruturar um relatório com as recomendações surgidas no evento e encaminhá-lo à coordenação da 5ª CNCTI. Estes relatórios são as diretrizes dos temas que serão discutidos na programação nacional, que acontecerá entre os dias 4 e 6 de junho, em Brasília.

“Nós já estamos com uma quantidade enorme de relatórios, recomendações e reflexões. Isso vai fazer com que a conferência nacional seja muito mais rica”, destacou Rezende.

5ª CNCTI ultrapassa 180 eventos

De acordo com dados da comissão organizadora, até o começo de abril, a programação preliminar da 5ª CNCTI já contava com 183 eventos, sendo 128 conferências livres, 18 seminários temáticos, 27 conferências estaduais e 10 conferências municipais. “Isso mostra que a comunidade científica está engajada com a Conferência Nacional”, complementa o coordenador.

Segundo Rezende, entre os temas mais presentes nos debates estão: energias renováveis, inteligência artificial, Ciência para a Educação e neoindustrialização, a nova política industrial. Esses temas foram protagonistas de debates regionais, temáticos e de discussões com órgãos de fomento, com destaque à participação da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Em seu último mês, a programação preparatória da 5ª CNCTI ainda tem uma agenda de eventos a cumprir. Para o coordenador das atividades, o mais importante é o engajamento da sociedade:

“A Conferência Nacional tem duas grandes finalidades: uma delas é exatamente mobilizar a comunidade científica por conta do que aconteceu nos sete anos anteriores ao Governo Lula, que foi uma ausência total de discussões com as pessoas e uma grande diminuição nos recursos federais para Ciência, Tecnologia e Inovação. No ano passado houve um aumento dos recursos da Finep, do CNPq e da Capes, e neste ano, o FNDCT, Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico, teve um crescimento de 20%. Os recursos estão aumentando, mas é importante que a comunidade esteja mobilizada nesse processo.”

Rezende conclui que a 5ª CNCTI é projetada para ser um grande elo entre pessoas e o governo. “A outra finalidade da Conferência Nacional é oferecer para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e para o Governo Federal de maneira geral, recomendações por uma política de longo prazo para CT&I. Para isso, é importante que nós tenhamos contribuições da maior parcela possível da sociedade.”

Rafael Revadam – Jornal da Ciência