“Queremos que a ciência contribua mais para o desenvolvimento do País; mas, para isso, ela precisa de recursos”

Em entrevista à TV Unicamp, o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, faz um balanço dos 70 anos da entidade, critica cortes orçamentários e prega união de esforços

Engajamento e articulação política sempre permearam as ações da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em seus 70 anos, celebrados em 2018. A entidade, que conta atualmente com 139 sociedades científicas associadas e mais de 6 mil sócios, se volta para a defesa do avanço científico e tecnológico e para o desenvolvimento educacional, cultural e da inovação no Brasil. Em tempos de crise, não apenas de financiamento, mas de acentuada burocracia e de interesses políticos, o presidente da entidade e professor de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ildeu de Castro Moreira, enfatiza a necessidade de maior apoio às universidades.

Segundo o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) 2018, o orçamento total do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) deverá ser reduzido em 19,5%, caindo do valor aprovado pelo Congresso em 2017, R$15,6 bilhões, para R$12,6 bilhões. Isso corresponde a aproximadamente 2% do orçamento total do Poder Executivo. Em contrapartida, a atual proposta da SBPC é de, ao menos, manter o orçamento de 2017. Para Ildeu de Castro Moreira, o significado da redução de verbas federais neste ano é mais do que medidas de combate a uma crise econômica generalizada. “Desmonte de políticas públicas, total falta de visão dos gestores governamentais em relação à importância da ciência, mesmo depois de os cientistas brasileiros provarem inúmeras vezes sua capacidade”, comenta. A redução do repasse, com ampla possibilidade de contingenciamento do mesmo, se reflete em perda de bolsas, projetos e insumos em geral. Fechamento de laboratórios, evasão de pesquisadores do país e de abandono da carreira científica por parte dos jovens já são fatos reais. Pega de surpresa, a comunidade acadêmica, desde então, tem se empenhado em manifestações públicas, entrevistas, registros de sucateamento de instituições. Congressos e declarações formais tiveram início, mas há ainda muito espaço para crescer neste ano em termos de expressão, organização e eficácia na garantia de um orçamento adequado para a área.

Em entrevista concedida à TV Unicamp na sede da SBPC, em São Paulo, Moreira reflete sobre o atual (e crítico) momento da ciência e da inovação no Brasil e como a comunidade científica pode contribuir para mudar esse quadro.

Veja entrevista completa: https://youtu.be/mtvrDxeX_R4.

Jornal da Unicamp