Realizado pela SBPC, primeiro almoço virtual entre meninas e mulheres da ciência trouxe reflexões sobre equidade de gênero

Com discussões sobre estudos na área das Ciências da Vida, evento contou com a participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, representantes de entidades científicas e jovens cientistas premiadas e que receberam menções honrosas no 4º Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher”. Próxima sessão será nesta sexta-feira, às 12h30

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Iniciando a programação em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) realizou na tarde da última quarta-feira (01/03), o primeiro almoço virtual da série “Mulheres e meninas: poder e ciência na refundação do Brasil”, que busca a integração de meninas cientistas com mulheres que são referência no cenário acadêmico.

O primeiro encontro abordou as Ciências da Vida, e contou com as participações da ministra da Saúde, Nísia Trindade, além de Elza Noronha, professora da Universidade de Brasília (UnB), que também representou a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT); Naomi Kato Simas, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), representando a Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia), e Ana Carolina Takakura, professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), representando a Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBe).

Para representar as meninas cientistas, estavam presentes algumas vencedoras e menções honrosas da 4ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, promovido pela SBPC. São elas: Anita de Souza Silva, graduada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), e Ariane Leite do Nascimento, graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), vencedoras no nível Graduação na área de Biológicas e Saúde. Já as menções honrosas na área são: Camila Vitória Ferreira Mendes, graduanda na Universidade Federal do Pará (UFPA), e Carolina Batista Nunes, graduanda em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Representando o ensino médio, participaram Isabelle Almeida Novais, estudante da Escola Estadual Fernão Dias Paes, de São Paulo, e Amanda Ribeiro Machado, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, respectivamente vencedora e menção honrosa, no nível Ensino Médio da premiação.

Abrindo a sessão, o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro explicou um pouco a premiação lançada pela entidade em 2019, realizada anualmente, em anos pares homenageando mulheres cientistas sêniores e nos ímpares, jovens estudantes do Ensino Médio e Graduação. “A primeira presidenta da SBPC foi Carolina Bori, grande psicóloga, professora da USP (Universidade de São Paulo)”, destacou.

Ministra da Saúde, Nísia Trindade iniciou sua fala agradecendo o convite por integrar a programação do Prêmio Carolina Bori, e a força da homenageada que carrega o título da premiação. “Carolina Bori foi uma psicóloga com uma vida dedicada à institucionalização da Ciência no Brasil de uma maneira geral e, em particular, ao campo da psicologia. Faço essa referência para lembrar que, no campo da saúde, a psicologia tem um lugar central e, ao mesmo tempo, quando pensamos nas ciências da vida, a interdisciplinaridade precisa ser valorizada e praticada. O campo das ciências biomédicas e o campo das humanidades contribuem de forma significativa para o entendimento das questões da saúde e as questões complexas de pensar a vida, de um modo mais geral.”

A ministra elogiou a iniciativa e complementou, afirmando que um dos grandes desafios do País é a promoção da Ciência na sociedade como instrumento para superar desigualdades:

“Promover a ciência é também valorizar as vocações científicas e o contato das mulheres e meninas com a ciência desde uma idade mais jovem, desde o seu processo de formação no ensino fundamental e no ensino médio. O desafio de superar as desigualdades e promover a equidade de gênero, uma das desigualdades mais fortes numa sociedade como a nossa, é um desafio que só poderá ser superado com um conjunto de ações que envolvem a educação, a cultura e, também, de uma forma muito intensa, a saúde.”

Especialistas elogiam desempenhos de meninas cientistas

Após uma apresentação musical da cantora hondurenha radicada no Brasil, Indiana Nomma, a vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, conduziu a programação, dando espaço às falas sobre os estudos de cada uma das seis meninas cientistas agraciadas no 4º Prêmio Carolina Bori e, posteriormente, às análises das pesquisadoras representantes das sociedades científicas afiliadas à SBPC. Os seis vídeos podem ser acessados neste link.

Iniciando os comentários sobre os estudos apresentados, a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Ana Carolina Takakura destacou a importância de trocar falas com as jovens que estão começando a carreira científica, e como seus trabalhos podem ter impactos sociais importantes.

“Hoje, a gente vive um momento muito melhor com relação aos desafios que uma mulher vai enfrentar, principalmente na ciência. A gente ainda tem muito para avançar, porque as dificuldades ainda são imensas. Mas eu acho que só o fato de hoje a gente estar aqui e ter a oportunidade de discutir um assunto como esse já é um avanço, já que no passado isso nem era levado em consideração. Meu conselho é que vocês utilizem esses desafios que enfrentam por serem mulheres como um estímulo, e não como empecilho. E, também, que vocês contribuam para continuar a lutar pela equidade de gênero, para que a gente tenha resultados melhores daqui pra frente”, pontuou a representante da FeSBe.

Representante da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Elza Noronha destacou como o evento e as falas das estudantes mostra caminhos promissores para o futuro da Ciência:

“A gente percebe não só a dedicação, mas também a preparação que essas meninas têm. São pessoas que já se colocam de uma maneira muito forte, muito clara. Eu acho que elas respondem bem ao Prêmio [Carolina Bori], são mulheres prontas para construir o País, não há dúvidas.”

Encerrando as participações, a representante da Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia) e também professora da Faculdade de Farmácia da UFRJ, Naomi Kato Simas, ressaltou o crescimento acadêmico das novas gerações de mulheres cientistas.

“Como foi dito anteriormente, eu também fiquei bastante impressionada. As meninas do ensino médio já são meninas do ensino superior, praticamente. É incrível como elas conseguem falar e passar a informação, e ainda trazer dados da literatura para fazer comparação. Meninas, vocês são demais. E parabenizo também aos seus orientadores, que possibilitaram que vocês trouxessem o trabalho de vocês para apresentarem aqui com a maior naturalidade.”

A série de almoços virtuais em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres intitulada “Mulheres e meninas: poder e ciência na refundação do Brasil” seguirá nesta sexta-feira (03/03) com um evento voltado à área de Humanidades. A programação começará às 12h30, com transmissão no canal do YouTube da SBPC. O primeiro evento da série pode ser conferido neste link.

Rafael Revadam – Jornal da Ciência