Só novo governo pode conter totalitarismo de Bolsonaro, diz Deborah Duprat

Ex-procuradora-geral da República disse que Bolsonaro usa método para capturar instituições. E que objetivo é expandir domínio para os outros poderes

Mais do que uma regra em tempos de Jair Bolsonaro, o assédio institucional é um método do seu governo que visa ao totalitarismo. O alerta veio da jurista Deborah Duprat, em debate sobre o tema na noite de ontem (25), primeiro dia de atividades da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Vice-procuradora-geral da República de 2009 a 2013, Deborah resumiu o desmonte proposital da estrutura do Estado logo no início do governo. A extinção dos conselhos de participação social, que pôs a perder todas as conferências nacionais realizadas nos governos populares democrático. E as alterações na estrutura do estado, com a capturação dos espaços institucionais. Servidores forma expulsos, silenciados, licenciados, aposentados, demitidos.

“O impacto na atualidade é de tal monta que vai ser um desafio enorme para o próximo governo, se tivermos um próximo governo, recuperar da capacidade da administração pública federal de funcionar. Ela foi absolutamente desmobilizada, desorganizada em termos administrativos. Não temos capacidade administrativa, organizacional, servidores”, disse.

E alertou: “Será um esforço hercúleo. Por isso estamos aqui falando de assédio institucional. O governo populista começa pela burocracia, mas se expande ao ponto de se tornar totalitário quando alcança os demais poderes”.

 Coordenado pela antropóloga Maria Filomena Gregori, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o debate teve participação do economista José Celso Cardoso Junior e do antropólogo Frederico Barbosa, pesquisadores do Ipea. Ambos integram o corpo de organizadores do livro Assédio Institucional no Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado, lançado em maio.
Veja o texto na íntegra: Rede Brasil Atual