21/11/2016
O ritmo da fome não é o da burocracia
Maria Francineide Ferreira dos Santos costumava segurar o remo. Hoje, empunha o microfone. Ela quase grita. É uma mulher no limite. Neste momento, a audiência pública já chega perto do fim no centro de convenções de Altamira, no Pará. Maria Francineide pressente que pode não haver conclusão, e o temor aumenta. Depois dali, ela, como tantos, não têm para onde voltar. É uma audiência pública para garantir que os ribeirinhos atingidos pela hidrelétrica de Belo Monte tenham uma vida. Mas o que está em jogo, neste momento, é que a “vida” não é um conceito abstrato, a vida é.